Em termos gerais, é a discriminação ou o preconceito contra indivíduos com deficiência. Mas vai muito além disso.
O termo caracteriza as pessoas como definidas por suas deficiências e inferiores às não deficientes.
Bom, já dizia Voltaire, Preconceito é opinião sem conhecimento!
O capacitismo pode ser consciente ou inconsciente, pode estar intrínseco em instituições, sistemas ou na cultura mais ampla de uma sociedade. Pode limitar as oportunidades das pessoas com deficiência e reduzir sua inclusão na vida de suas comunidades.
E por tudo isso, devemos combatê-lo.
Geralmente fica em segundo plano que as pessoas com deficiência podem desenvolver outras habilidades não agregadas à sua incapacidade biológica (não ouvir, não enxergar, não andar, não exercer de forma plena todas as faculdades mentais ou intelectuais etc.) e serem socialmente capazes de realizar a maioria das capacidades que se exige de um ‘não deficiente’, tão ou até mais que este.
Devemos reconhecer a singularidade de cada ser humano.
Uma pessoa com deficiência, de acordo com seu tipo ou severidade, pode não realizar sozinha determinadas atividades, mas o poder de tomar decisões, ou seja, a capacidade de decidir sobre essas atividades deve, sim, ser dadas a elas, sempre respeitando suas opiniões e desejos.
Um tetraplégico severo, por exemplo, pode não ser capaz de vestir-se sozinho, mas tem independência para decidir e escolher que tipo de roupa quer vestir. A autonomia (controle sobre o próprio corpo e o ambiente mais próximo) e a independência (faculdade de decidir por si mesma) são os dois lados da mesma moeda, ambos importantes na vida das pessoas com deficiência.
Não sabe como ajudar? Pergunte.
Quer entender mais sobre a deficiência de alguém próximo a você? Pergunte.
O que nós achamos que o outro necessita, não necessariamente é o que ele realmente precisa naquele momento. Já pensou nisso? Podemos achar que o cego parado na calçada quer atravessar a rua e logo queremos ajudar, mas e se ele estiver apenas esperando alguém? Mais do que empatia, é necessário curiosidade genuína e compaixão.
Mas que fique bem claro, compaixão não no sentido de pena, pois neste caso você estaria se colocando acima da outra pessoa.
Compaixão que eu digo aqui é em termos tibetanos, um sentimento espontâneo de vínculo com todos os seres vivos.
‘O que você sente eu sinto;
O que eu sinto você sente.
Não há nenhuma diferença entre nós’.
Cada indivíduo é único, independente se ele tem deficiência ou não. Sendo assim, jamais deveria ser julgado por qualquer uma de suas características ou formas de interagir com o mundo. Na verdade, o que define o grau de deficiência de uma pessoa são as barreiras arquitetônicas, visuais, comunicacionais e atitudinais que se encontram no ambiente ao seu redor.
Dê às pessoas recursos que suprem as suas necessidades específicas, e elas lhes mostrarão todo o seu potencial. Pode acreditar!
Para concluir, em minhas pesquisas sobre o tema, encontrei a definição perfeita para o que é capacitismo:
“Capacitismo é essa força invisível que faz um menino de 12 anos não se sentir no direito de sonhar, porque seus olhos não estão de acordo com o que um conceito construído de normalidade espera deles”.
O que essa explicação te faz sentir?
Guarde esse sentimento com você e em uma próxima oportunidade, pergunte, seja um curioso empático.
Inspiração:
“Deficiência, incapacidade e vulnerabilidade: do capacitismo ou a preeminência capacitista e biomédica do Comitê de Ética em Pesquisa da UFSC”, de Anahi Guedes de Mello, publicado no Ciênc. saúde coletiva [online]. 2016, vol.21, n.10, pp.3265-3276. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/csc/v21n10/1413-8123-csc-21-10-3265.pdf>
Janaina de Abreu Gaspar
Psicóloga Clínica
CRP 06/78629
@terapianapaulista
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