top of page
Foto do escritorInstituto de apoio a mães de especiais

Hoje estou com raiva, e dai?


São 13h de uma quarta-feira e a sessão começa.


- Hoje estou com raiva, e me sinto muito culpada por isso. Sou um fracasso total. Quero chorar, gritar, sair correndo..., mas fico ali, quieta, tentando fazer o meu melhor.


Foi o início da sessão de uma mãe exausta que, durante a quarentena, tem seus ‘papéis’ todos amontoados, “tudo junto e misturado”, como ela mesma sempre diz.

Ser dona de casa, mãe, divorciada e funcionária de uma instituição bancária que lhe exige muita concentração, trabalhando em Home Office pela primeira vez, não está fácil.


Pudera! Entre uma reunião e outra o filho chama, o micro-ondas apita, o interfone toca avisando da entrega que nem esperava, a furadeira do vizinho entra em ação, a aula online do filho começa e as obrigações do trabalho se acumulam.


O que ela buscava? Validação!


Sempre experimentamos emoções diferentes. Podem variar de momentos felizes para tristes, compassivos para irritados, frustrados, deprimidos – escolha? Sim e não. Todos nós temos dias assim, mas como vamos lidar com eles é escolha nossa.


- Todo dia é um desafio e eu tento manter-me positiva, mas é difícil. Sempre que acordo eu penso, hoje tudo dará certo e logo alguma coisa acontece e eu perco a paciência mais uma vez. Refletiu ela em voz alta.


Mahatma Gandhi dizia que respeito, compreensão, aceitação, apreciação e compaixão são pilares fundamentais da não violência. E claro, precisamos começar a praticar esses princípios em nós mesmos.


A questão é, sentir raiva é natural. Nosso controle está apenas em nossas ações e, para fazermos a escolha da ação perfeita, precisamos da consciência do momento presente, das nossas próprias emoções e valores.


Sabe aquela frase: “prefiro ter paz do que ter razão”? então... podemos colocar em prática nos momentos de raiva. Ter raiva faz parte das nuances da vida, mas agir de acordo com ela, não.


O que você escolhe? Seja mais compassivo com você!


Como? Nomeie sua emoção e valide-a para si de forma terna.

- “Ah, isso é raiva!”

Sinta essa raiva em seu corpo, pode ser uma tensão no estômago, um nó na garganta, um vazio no coração... cada um sente à sua maneira.

Dê carinho a essa parte do seu corpo. Emane o que há de melhor em você e questione-se:

- “Do que eu preciso para me sentir seguro neste momento?”


Se dê a chance de satisfazer suas próprias necessidades, e se nada lhe vier à mente, não tem problema também. Kristin Neff e Christopher Germer no livro – Manual de Mindfulness e Compaixão – utilizam a compaixão irada em oposição à raiva reativa, o que nos permite agir sem piorar uma situação que já é ruim por meio da culpa ou do ódio.


Na compaixão irada tomamos a atitude apropriada para interromper o comportamento prejudicial, a raiva nesse caso é usada para aliviar seu próprio sofrimento ou de outras pessoas, e até mesmo para defender o que é certo. Extravasar o que está sentindo de forma agressiva, classificando as pessoas em boas ou más, essa é a raiva reativa.

Se você está em um dia difícil, lembre-se, somos humanos e humanos sentem muitas coisas, inclusive raiva.

Referência:

GANDHI, A. A virtude da raiva. Rio de Janeiro: Sextante, 2018.

NEFF, K.; GERMER, C. Manual de mindfulness e autocompaixão: um guia para construir forças internas e prosperar na arte de ser seu melhor amigo. Porto Alegre: Artmed, 2019.


Janaina de Abreu Gaspar

Psicóloga Clínica

CRP 06/78629

@terapianapaulista

0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Comments


bottom of page